TV e redes sociais: interação entre os dois lados da tela

tvezinha

“Social TV” é um termo que chegou junto com o uso e expansão de novas tecnologias, principalmente após o lançamento de aparelhos de televisão que agregam no mesmo dispositivo a TV e o acesso à conteúdos web, especialmente às redes sociais. Entretanto, mais do que relacionar o uso de um dispositivo à duas funções, o termo “Social TV”está relacionado ao uso social do conteúdo televisivo.

A nova geração de telespectadores não fica imóvel diante da tela, como se fazia antigamente. Houve adesão máxima à experiência da segunda tela, quando a pessoa mantém um olho na TV e outro no smartphone, tablet ou computador pessoal.

Quando gosta ou reprova uma atração, esse novo telespectador faz questão de repercutir sua opinião, especialmente no Twitter e no Facebook, seja com postagens ou através das famosas hashtags (#). Isso acaba influenciando outras pessoas a sintonizar ou não em determinado programa, com potencial de mexer com a audiência real da TV. As redes sociais se tornaram uma espécie de guia qualitativo de programação.

Os canais de TV, especialmente os de sinal aberto, que sofrem para estagnar a perda de audiência, precisam entender definitivamente que o telespectador deixou de ser apenas telespectador. Ele agora tem maior poder de escolha e análise. Com isso, se tornou um crítico informal de TV, atuando no seu grupo de contatos no mundo digital.

Sabendo que a tendência atual caminha para a hibridização, ou seja, a mistura de plataformas, o canal pago Discovery vem desenvolvendo um projeto para integrar sua programação à internet.

A ligação entre as ferramentas de interação social via web e a televisão não são mero acaso. A empresa Hi-Mídia divulgou o estudo “Horário Nobre da Mídia Digital no Brasil”, em que constatou que o período preferido dos brasileiros para acessar a internet é entre 19h e 22h. Não por coincidência, esse é também o horário nobre da TV, onde se concentram filmes, seriados e novelas de maior audiência.

Na mesma tônica, já existem aplicativos específicos para comentar e compartilhar opiniões e novidades sobre programas de TV. O GetGlue , com dois milhões de usuários, permite fazer check-in no seu programa favorito e encontrar pessoas que estejam vendo a mesma coisa que você, dispostas a comentar.

No entanto, no Brasil, fica a impressão de que alguns executivos de TV têm medo do universo virtual. Na maior parte dos programas que estão atualmente no ar e que têm a proposta da hibridização, o máximo de interação com o telespectador-internauta é a exibição de mensagens (bem editadas) enviadas por redes sociais. Muito pouco diante do potencial de interação entre os dois lados da tela.

As redes sociais estão longe da perfeição. Há excesso de spams, correntes, jogos, citações pseudofilosóficas e uma indesejável (e constrangedora) superexposição da intimidade de usuários ávidos por fama virtual. Porém, não podemos pensar e planejar a televisão do momento sem considerar o casamento do veículo com essas redes e seus milhões de usuários. Haja visto que a TV, sozinha, não tem futuro animador, já que as redes sociais vêm desempenhando um papel fundamental no comportamento da audiência.

As redes de TV que queiram se manter competitivas deverão acelerar o passo para tentar acompanhar o ritmo de crescimento de acesso da população à web — e oferecer atrativos para esse perfil de telespectador.

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